BATMAN VS SUPERMAN: A origem da justiça (Crítica I)

Boas e más ideias marcam o mais novo filme da WB/DC Comics

O filme pode ser encarado como uma continuação direta do Homem de Aço lançado em 2013. Desde os primeiros minutos fica evidente que Batman vs Superman (BvS) seguirá o mesmo tom do seu antecessor, mantendo a atmosfera “sombria” e o endeusamento do escoteiro azul. E é esse tom que direciona os heróis da DC para uma estrada diferente do que os da Marvel no cinema; enquanto os filmes da Marvel são recheados de momentos de alívios cômicos e personagens simpáticos, a película de Zack Snyder é densa e bruta, com uma tentativa razoável de criar uma maior complexidade dos personagens evidenciando as cicatrizes e traumas que cada um carrega.

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A trama é dividida em dois pilares principais referentes aos personagens que dão nome ao filme. Neles são apresentadas as dificuldades e problemas que cada um enfrenta e que esporadicamente se entrelaçam. Apesar da ideia de dia x noite, luz x sombras, que os trailers transmitiam, é visível o quão os personagens são parecidos e influenciados pelos acontecimentos passados. Nesse aspecto ponto para Zack Snyder, que não perde tempo recontando fatos já conhecidos e consolidados, poupando os espectadores de verem mais do mesmo. Porém essa divisão leva ao maior problema do filme: a edição. Muitas vezes a história fica parecendo uma colcha de retalhos, deixando aparente que faltou um pouco de cuidado nos links das cenas e na sequência em que elas são apresentadas. No demais o filme cumpre sua função, com um roteiro sóbrio e com uma trilha sonora competente (porém sem ser marcante).

E aqui peço desculpas. Na época em que foi anunciado, torci o nariz para a escalação de Ben Affleck para o papel de Batman/Bruce Wayne. Queimei minha língua. O ator não só criou uma interpretação convincente como também dá vida a um cruzado encapuzado mais bruto do que qualquer outro visto no cinema. O cansaço e a desesperança marcam o personagem, o qual não demonstra nenhum remorso em torturar e espancar. Esqueça o tom investigativo e realístico de Nolan: aqui temos um Batman que se prepara para viver entre deuses (sempre acompanhado de seus utensílios e invenções).

Outro ponto alto do filme é a interpretação de Jeremy Irons no papel de Alfred Pennyworth; com falas inteligentes e com o tom de ironia já conhecido pelos leitores de HQs, o ator faz bonito na pele do personagem.

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Do outro lado da moeda temos Henry Cavill na pele de Clark Kent/Superman, que mantém a mesma interpretação vista em Homem de Aço. Aqui Superman vive o dilema do que pode e o que deve fazer, dividindo a população em dois grupos distintos: os que amam o kryptoniano e os que o temem e acreditam que ele deva ser controlado pelo governo. O elenco de apoio repete suas atuações, com destaque a  Laurence Fishburne que faz um Perry White mais incisivo. Ainda nesse eixo temos Lex Luthor, interpretado por Jesse Eisenberg; o ator cria um Lex diferente do que estamos acostumados, parecendo mais um menino afobado com toques de esquizofrenia.

Gal Gadot completa a tríade, dando vida a Mulher Maravilha. Com uma participação consistente, a atriz mostra que se preparou para o trabalho, demonstrando vontade na interpretação. O que lhe falta em porte físico a atriz tenta compensar com altivez e determinação.

Em resumo temos aqui um filme que cumpre sua função de forma parcialmente satisfatória, montando o palco para o esperado Liga da Justiça. Fica evidente que o diretor leu algumas histórias (como Cavaleiro das Trevas, A Morte de Superman e Lex Luthor) e jogou os games da série Arkham e Injustice (o que inspira a melhor cena de ação do Cruzado Encapuzado), dando vida a personagens um pouco diferentes daqueles que estamos acostumados. Apesar das falhas técnicas de edição e uma certa patinação nas cenas finais o filme tem seus momentos, que nos deixam pensado no que vimos durante aluns dias.

star coin 3 - 5

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